Casa Triângulo
apresenta: pausa.
individual de sandra cinto
abertura: 08
de outubro, terça-feira, das 19 às 22 horas
visitação: de
09 de outubro a 09 de novembro de 2013
Sandra Cinto apresenta
obras inéditas na Casa Triângulo
Desde
2006 com Construção, que
Sandra Cinto não realiza uma mostra individual na Casa Triângulo. Artista premiada e
reconhecida internacionalmente, Sandra Cinto apresenta Pausa., com obras inéditas, a partir do dia 8 de outubro, terça-feira,
ocupando todos os espaços da galeria. O texto de apresentação é do curador
Moacir dos Anjos e a exposição permanece até 9 de novembro com entrada franca.

Para Moacir, “Ao criar essa
cadência visual de aproximação e de afastamento dos traços que formam as
pautas, a artista sugere truncar a capacidade da música de marcar os momentos
que passam. Faz que o desenho – expressão muda – demande a suspensão impossível
do tempo que, ao fim e ao cabo, sempre corre”, explica em texto que segue completo
abaixo.
Até a altura em que a vista consegue discernir algo,
as paredes da sala – pintadas em cor próxima à de papel gasto – estão todas
cobertas de finos traços horizontais e paralelos. A lembrança de pautas
musicais é imediata, ainda que agigantadas e sem acolher qualquer notação de
sons articulados. Abrigando somente o silêncio e a pausa, elas paradoxalmente
evocam, por meio de sua ostensiva presença, o fato de serem lugares onde se
marca, por meio da música, o inevitável fluir do tempo. Há algo, contudo, que
perturba essa aproximação entre os campos visual e sonoro que Sandra Cinto
promove. Em vez de regulares, como seria esperado desses suportes de escrita
musical, os espaços entre as linhas riscadas nas paredes vão gradualmente se
reduzindo desde cima e a partir de baixo, de modo que, em um dado ponto, quase
se confundem em uma única linha mais grossa. Ao criar essa cadência visual de
aproximação e de afastamento dos traços que formam as pautas, a artista sugere
truncar a capacidade da música de marcar os momentos que passam. Faz que o
desenho – expressão muda – demande a suspensão impossível do tempo que, ao fim
e ao cabo, sempre corre.
Nessa mesma sala
grande, Sandra Cinto ajunta ainda outros tantos índices da música que está
ausente das pautas desenhadas. Instrumentos diversos – violoncelo, contrabaixo,
violinos, flautas – são fixados ou apoiados na parede ou sobre o piso, sempre
destituídos de sua função de emitir os sons que lhes são próprios. Alguns são
mesmo combinados entre si ou com outros objetos para formar algo inédito, como
se aproximados em cópulas que anulam seus atributos singulares. Outros, por
terem sido de alguma maneira modificados ou por deles faltarem partes,
tornam-se igualmente impossíveis de ser tocados. Os instrumentos feitos de
madeira são pintados da mesma tonalidade das paredes, como se ecoassem, para
além daquela superfície plana, o silêncio que emana delas. Sobre as superfícies
sinuosas desses objetos de tocar, a artista faz desenhos que são, todavia, em
tudo diversos das linhas regulares que cobrem os muros da sala: imagens de
paisagens inventadas de montes ou mares, todos feitos de traços curvos e
delgados. De novo, a evocação da música é aqui feita somente para pausá-la,
como se os breves intervalos de silêncio entre sons que a tornam possível
fossem fixados e alongados por duração incerta.
Na sala menor, aonde se vai subindo escada, a pauta
desenhada nas paredes vira quase somente rodapé, como se até a já silenciosa
remissão à música feita na outra sala não pudesse alcançar esse espaço. No
centro de ambiente que convida à voz baixa e ao andar devagar, Sandra Cinto
dispõe uma estranha vitrine que está dentro de outra e de mais uma terceira, na
qual se guarda somente um caderno de pautas musicais e uma concha, construção
natural capaz de reproduzir o murmurar do movimento das águas. Assim tão
fechado por detrás de vidro, o livro não serve, contudo, para anotar música;
tampouco é possível levar a concha ao ouvido para ouvir a memória do mar. Outra
vez, uma pausa é criada para escutar, no espaço inventado da sala, o silêncio
que quase o tempo inteiro escapa da vida ordinária.
Há, por fim, mais uma peça que a artista oferece aos
outros, na qual torce e refaz os sentidos que se insinuam nas anteriores. Lá
fora, já afastada do controlado ambiente das salas expositivas, encontra-se uma
mesa feita para aproximar pessoas em torno de conversa calma e da partilha de
qualquer coisa. Uma mesa que recorda, na construção e nos riscos que cobrem seu
tampo, os objetos e as pautas musicais encontrados dentro da galeria, mas que
com o uso incorporam, por meio de inevitáveis marcas e manchas, os rastros da
passagem daqueles que ali sentaram e sentam. Como se nessa mesa Sandra Cinto
finalmente conciliasse a vontade de pausar a vida e o reconhecimento de que
tudo que nela passa provoca ruídos. Como se a mesa fosse música.
Moacir dos Anjos, setembro de 2013.

SERVIÇO:
Pausa. Individual de
Sandra Cinto
abertura: 08 de outubro das 19 às 22 horas
período da exposição: de 09 de outubro a 09 de novembro de 2013
local: casa triângulo
endereço: rua pais de araujo 77
[Itaim bibi]
tel: 11 3167-5621
e-mail: info@casatriangulo.com
site: www.casatriangulo.com
horário de funcionamento: de terça a sábado das 11 às 19 horas
Assessoria de Imprensa: Solange Viana