Carbono
Galeria apresenta: A palavra palavra
Exposição
de Jorge Menna Barreto
Abertura:
10 de novembro, terça-feira, das 19h às 22h
Visitação:
de 11 de novembro de 2015 a 30 de janeiro de 2016
A arte das palavras na obra de Jorge Menna
Barreto
Artistas convidados: Artur
Lescher, Célia Euvaldo, Carlos Fajardo, Daniel Steegmann, Felipe Cohen, Gustavo
Speridião, Jenny Holzer, Josef Albers. Juan Fontanive, Julio Le Parc, Laura
Lima, Lenora de Barros, Luiza Baldan, Marcius Galan, Nelson Leirner, Paulo
Bruscky, Rachel Whiteread, Regina Silveira, Sérvulo Esmeraldo, Tatiana Blass.

Com o
exercício de associar uma ou mais palavras a uma obra ou conjunto, os tapetes
funcionavam como disparadores de conversas sobre as obras. A ambiguidade dos
termos trabalha a favor de um discurso aberto, sem um ponto de chegada
definido. Como ferramenta educativa, portanto, os capachos distanciam-se de um
discurso “esclarecedor”, atuando como provocadores ao invés de mediadores de um
conteúdo primeiro.
As obras expostas na galeria tem o intuito
de acarretar discussões sobre a maneira que cada individuo percebe ou
internaliza cada uma das peças apresentadas.
O processo curatorial foi montado
baseando-se no acervo da galeria. Obras estas, feitas com exclusividade para a
Carbono.
A coletiva reúne edições dos seguintes artistas: Artur Lescher,
Célia Euvaldo, Carlos Fajardo, Daniel Steegmann, Felipe Cohen, Gustavo
Speridião, Jenny Holzer, Josef Albers. Juan Fontanive, Julio Le Parc, Laura
Lima, Lenora de Barros, Luiza Baldan, Marcius Galan, Nelson Leirner, Paulo
Bruscky, Rachel Whiteread, Regina Silveira, Sérvulo Esmeraldo, Tatiana Blass.

Para a curadora, Galciani Neves “E toda palavra nua é
um encontro de nadas. De um deslize sem rastro, atônito, entre vozes que não se
deixam escrever. Vem daí a tarefa de sua investigação: traçar, a todo custo,
sua origem. Toda palavra é útil. Mera convenção entre os ruídos, é lembrança
de um acontecimento nítido ou tradução de uma imagem instantânea, com passado e
futuro, explicando o mundo desconhecido, para saber e para fazer saber. Toda
palavra é desmesura, como se, naquele poço em que se aprofundou de muito em
muito, no fundo do breu, deixando-se cair na dúvida, fosse levando restos de
parede, roçando em dedos, complicando-se em partículas minúsculas para não mais
se deixar compreender” observa.
Na ocasião teremos uma ação
social, onde serão vendidas camisetas (Art-Shirt) dos artistas Tomie Ohtake e
Cassio Vasconcellos, realizadas especialmente para essa edição e com renda
integral revertida para Casa Zezinho. Para mais informações clique
aqui.
SERVIÇO:
A PALAVRA PALAVRA
De: Jorge Menna Barreto
Curadoria: Jorge Menna Barreto e Galciani Neves
Abertura: terça, 10.11.15 – 19h às 22h
Exposição: 10.11.15 à 30.01.16
Horários da galeria: Segunda à sexta, das 10h às 19h
Sábado, das 11h às 15h
Informações: info@carbonogaleria.com.br
Assessoria de Imprensa: Solange Viana | t. (11) 4777.0234 | solange.viana@uol.com.br | HTTP://solangeviana.blogspot.com | @solangeviana
Artistas participantes: Artur Lescher | Célia Euvaldo | Carlos Fajardo
| Daniel Steegmann | Felipe
Cohen | Gustavo Speridião | Jenny Holzer | Jorge Menna Barreto | Josef Albers |
Juan Fontanive | Julio Le Parc | Laura Lima | Lenora de Barros | Luiza Baldan |
Marcius Galan | Nelson Leirner | Paulo Bruscky | Rachel Whiteread | Regina
Silveira| Sérvulo Esmeraldo | Tatiana Blass |
A palavra palavra
Toda palavra foge de um poço chamado
solidão. E, ao livrar-se desse lá no fundo, vai se modificando na língua (músculo
do outro). Força limites, repete-se
sem parar, teimosa e inevitável, como se nunca tivesse acontecido antes. Nem
toda palavra dita é útil. As mais absurdas, intrusivas e assustadoras são mais
comuns do que se imagina. Forjadas
frescamente por um delírio, fermentam
em vão ideias evocadas, acontecimentos deambulantes, desassossegos.
E toda palavra nua
é um encontro de nadas. De um deslize sem rastro, atônito, entre vozes que não
se deixam escrever. Vem daí a tarefa de sua investigação: traçar, a todo custo,
sua origem. Toda palavra é útil: convenção entre os ruídos, é lembrança de um acontecimento nítido ou tradução de
uma imagem instantânea, com passado e futuro, explicando o mundo desconhecido, para
saber e para fazer saber. Toda palavra é desmesura, como se, naquele poço em que
se aprofundou de muito em muito, no fundo do breu, deixando-se cair na dúvida,
fosse levando restos de parede, roçando em dedos, complicando-se em partículas
minúsculas para não mais se deixar compreender.
Nesses extremos, que definem os
exercícios da palavra para referir-se às coisas, Jorge Menna Barreto
infiltra-se para acionar uma espécie de antinomia da palavra – contraditoriamente,
do individual para o universal, da singularidade própria de um que quer avançar para o todo e qualquer um que se encaixe,
forçadamente, em uma dada categoria. O artista provoca o núcleo duro das
palavras, recolhe, refaz, indistinguindo seus radicais.
Na Galeria Carbono, os trabalhos selecionados
do acervo para habitar um conjunto não apaziguado convivem com suas “Desleituras”,
título de um projeto de Jorge já vivenciado no 32º Panorama da Arte Brasileira
(2011) no MAM-SP. Na ocasião, o artista desenvolveu palavras a partir da
hibridização, mescla e sobreposição de termos e conceitos com o intuito de
potencializar discursos e processos de percepção com o público acerca dos
trabalhos da mostra em questão.
As desleituras são impressas em
tapetes de borracha e se configuraram como dipositivos poético-educativos, como
disparadores de conversas em visita a uma dada exposição. Sugerem uma subversão
dos processos de mediação artística que, por vezes, pretendem “explicar” a
obra, oferecer um discurso fechado ou assertivo. Segundo o artista, as
desleituras flertam com os procedimentos presentes em textos críticos e estão
em um território ambíguo: em pleno fluxo entre obra, exercício crítico e
dispositivos de mediação.
A palavra é procedimento do
artista para deslocar e expandir a pretensa pureza original dos trabalhos, o
dito ponto crucial em que o pensamento pode construir reflexões sempre díspares
acerca de cada poética aqui presente. Assim, propõe validades perceptivas e
moventes e não verdades irreversíveis. As “desleituras”, processos erguidos a partir das poéticas de outros
artistas, o que é muito diferente de sobre,
realizam-se na dimensão do provável, do circundante e, ao mesmo tempo, através
desses trabalhos.
Talvez convenha não arriscar a
origem das palavras ao rés do chão. Ou melhor, arrisque-se. E nade em
aparências. Elas vão nos trair. Caminhe com os pés esmagando as palavras,
exaurindo-as em seiva. Avance, rasgando, esfaqueando a teia, que é o texto,
tessitura da aranha, que se desfaz para construir sua casa-armadilha. Percorra,
meio sem jeito, o outro lado desses casulos. Finque suas bandeiras de certeza.
Sufoque-se nesse lugar movediço. São palavras – arcos com flechas direcionados
para nós mesmos.
Galciani Neves
(novembro/2015)