Leia na revista seLecT. Exposição "Diário de Cheiros: Teto de Vidro", de Josely Carvalho. Até 6 de maio no MAC USP.
sexta-feira, 9 de março de 2018
quarta-feira, 7 de março de 2018
Próxima exposição: 5 anos de Carbono
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Carbono completa 5 anos e realiza
exposição comemorativa
Abraham Palatnik faz edição especial
para mostra
Abertura: 26 de
março, segunda, das 19h às 22h
Visitação: de 27 de
março a 19 de maio de 2018
Com um conceito único de múltiplos no Brasil, a Carbono Galeria completa 5 anos de
intenso trabalho. Com mais de 200 edições exclusivas, com artistas consagrados
nacionais e internacionais, abre mostra com uma retrospectiva desse período com
40 obras do seu acervo. Na ocasião será lançada uma edição especial de Abraham
Palatnik, realizada com exclusividade para a galeria. A abertura acontece no
próximo dia 26 de março e permanece até 19 de maio.

Comandada com garra e comprometimento por Ana Serra e
Renata Castro e Silva, a
Carbono trabalha com a colaboração de artistas
consolidados, importantes galerias e curadores experientes, apresenta edições
exclusivas com a finalidade maior de expandir o mercado, criando mais
oportunidades para novos colecionadores e difundindo o pensamento do artista.
Para a curadora Ligia Canongia, “Desde o
início, ficaram claros os padrões profissionais e a seriedade da galeria, a
ponto de se poder mesmo dizer que ela, praticamente, já nasceu madura. E aqui
não se trata de precocidade, mas, sim, de respeito e compromisso permanente com
os processos, veículos e conceitos contemporâneos” conta em texto de
apresentação.

Um livro comemorativo aos 5 anos também será lançado
durante o período expositivo, com textos de importantes curadores, galeristas,
críticos de arte entre outros.
Artistas participantes:
Abraham Palatnik
| Adriana Varejão | Alfredo Jaar | Almandrade | Ana Holck
| Ana Mazzei | Ana Prata | Angelo Venosa | Arnaldo Antunes
| Artur Lescher | Brígida Baltar | Bruno Dunley | Caio
Reisewitz | Carlito Carvalhosa | Carlos Bevilacqua | Carlos
Fajardo | Carlos Motta | Dalton Paula | Daniel Senise
| David Batchelor | Edgard de Souza | Elizabeth Jobim | Emmanuel
Nassar | Enrique Ramirez | Ernesto Neto | Fabio Miguez
| Felipe Cohen | Gustavo Speridião | Iole de Freitas | Ivan
Grilo | Jac Leirner | Jarbas Lopes | Jorge Mayet | José
Bechara | José Rufino | Juan Fontanive | Laura Lima | Laura
Vinci | Leda Catunda | Lenora de Barros| Lotty Rosenfeld
| Marcelo Solá | Marcius Galan | Marcos Chaves | Maria-Carmen
Perlingeiro | Marina Saleme | Nazareth Pacheco | Otavio Schipper
| Paulo Bruscky | Paulo Monteiro | Paulo Pasta | Raul
Mourão | Regina Silveira | Rodrigo Andrade | Romain Dumesnil
| Sérgio Sister | Sérvulo Esmeraldo | Shirley Paes Leme
| Tatiana Blass | Tomie Ohtake | Tulio Pinto | Vik Muniz
| Waltercio Caldas.
*Fotos
ilustração release: Abraham Palatnik, Waltercio Caldas e Adriana Varejão.
**
Abaixo texto completo da curadora Ligia Canongia
SERVIÇO:
5 ANOS DE CARBONO
Abertura: 26 de março, segunda,
das 19h às 22h
Visitação: 27 de março, terça-feira a 19 de
maio, sábado
Carbono Galeria
Rua Joaquim Antunes, 59 | Jd
Paulistano | SP
Horários: segunda à sexta, das
10h às 19h
Sábado, das 11h às 15h
Assessoria de Imprensa: Solange Viana | t. (11) 4777.0234 | solange.viana@uol.com.br | HTTP://solangeviana.blogspot.com | @solangeviana
“Carbono Galeria: Maturidade aos 5 anos”.
Ligia Canongia
A fotografia revolucionou o mundo da arte, criou um
novo paradigma para o conceito de imagem e implicou, definitivamente, a
imbricação da arte com a tecnologia. Mais ainda, engendrou, de forma complexa e
problemática, a relação entre arte e indústria, e entre arte e mercadoria.
A questão da obra múltipla, ampliada com a invenção
da foto e do cinema, nos primórdios do século XIX, tornou-se um fenômeno
moderno e contemporâneo de larga escala, incitando proposições teóricas mundo
afora e ao longo do tempo. A mais influente delas, escrita pelo pensador alemão
Walter Benjamin, em 1936, e tida como a primeira teoria materialista da arte1,
tinha como eixo a perda da “aura” da obra de arte única, a partir do advento
das técnicas mecânicas reprodutíveis. Seus estudos avançaram a questão da
massificação da imagem, sua banalização nas sociedades e, a reboque, a perda de
seu aspecto ritualístico e seu fetiche. Por outro lado, anunciava um novo
espírito, associado ao funcionalismo, sinalizando a potência libertadora da
máquina sobre a arte, em relação aos elos que ainda a ligavam ao Belo
tradicional e à estética contemplativa. A ideia de que a arte poderia estar
inserida no cotidiano da vida dos homens, com apoio da indústria e em conluio
direto com o desenvolvimento tecnológico superava, em termos históricos, o
problema de uma passível perda da identidade dos objetos e de sua fruição
aurática. Benjamin acreditava que a reprodutibilidade da imagem, através dos
processos mecânicos, acabaria por multiplicar e difundir o trabalho de arte a
ponto de sua consagração, vinculada ao mito do original, ser irrecuperavelmente
afetada.
O ápice dessa questão surgiria, porém, trinta anos
depois do ensaio benjaminiano, com a Pop Art, que explorou ao extremo o caráter
da repetição serial, reduzindo o objeto de arte a uma forma estandardizada. A
Pop colou a produção artística à ideologia da reprodução, fazendo com que a
arte sucumbisse à determinação da mercadoria. Não sem motivos, críticos como
Giulio Carlo Argan consideraram o movimento norte-americano como o ponto
terminal do ciclo histórico da arte. Paradoxalmente, porém, e apesar de sua
aparente imparcialidade, a Pop criticava o destino patético dos indivíduos
regidos pela máquina e pelas sociedades de massa, apontando para a
neutralização do sujeito contemporâneo. Roland Barthes diz, inclusive, que os
artistas pop realizavam, por baixo dos panos, uma crítica oblíqua ao consumo
massivo, á alienação da coisa anônima e aos estereótipos. Para ele, a
neutralidade pop traía um significado mais profundo, além de sua inocente
superfície e, assim, salvaguardava a metáfora, raiz de toda poesia. E não se
pode esquecer que Duchamp, pioneiramente, já antevira a preponderância das
imposições mercadológicas, provocando a burguesia e as massas com o estatuto do
readymade, um objeto ambíguo por
excelência, por aderir e ironizar, ao mesmo tempo, o poder da máquina e a
vulgarização dos objetos na modernidade.
Fato é que, passados os estudos de Benjamin, as
provocações de Marcel Duchamp e o distanciamento da Pop, decorreram-se oito
décadas de debate constante sobre a identidade, a persistência e o valor da
obra múltipla, sem que, em momento algum, o original tivesse perdido a eficácia
de sua aura. Ao invés, e muito possivelmente, foram os múltiplos que adquiriram
uma discreta evidência aurática, contrariando as expectativas do filósofo
alemão, e sustentando um discurso denso e autônomo. Mais do que um processo de
dessacralização da arte e um abalo na autoridade do “original”, a grande
questão do múltiplo continua sendo de caráter político, ao tentar alargar a
circulação do objeto artístico, ampliar sua penetração no tecido público, e acionar
o processo irreversível de democratização da arte.
Joseph Beuys, artista cuja importância na
contemporaneidade é indiscutível, foi um grande fomentador da produção de
múltiplos, tendo realizado, ele mesmo, dezenas deles. Nada mais pertinente para
quem acreditava que a função da arte era “esculpir” a sociedade. Um ser
político por natureza, poética e literalmente, Beuys disse:
“Interesso-me
pela distribuição de veículos físicos sob a forma de edições, porque tenho
interesse na disseminação das ideias” 2.
O múltiplo, portanto, não elimina a experiência
espiritual da obra única, mas não possui substrato poético menor do que o dito
“original”, e ainda guarda a prerrogativa de dar acesso aos trabalhos
artísticos a um leque maior de camadas sociais.
Nos últimos cinco anos, a
Galeria Carbono, com o empenho e o entusiasmo de Ana Serra e Renata Castro e
Silva, sedimentou-se na cidade de São Paulo como um empreendimento devotado a
edições, defendendo a obra múltipla como uma prática independente, regida por
suas próprias especificidades e livre do servilismo ao gosto dominante e ao
mercado. Atuando para dar ao múltiplo a dignidade e o valor merecidos, e já
legitimados historicamente, a galeria se impôs pela seriedade no lidar com as
linguagens contemporâneas, pelo tratamento dado aos artistas e aos curadores e,
sobretudo, pela forma como respeita e contribui para a “disseminação das
ideias”. A Carbono tem a consciência de que a obra de arte múltipla é tema
explorado na iconografia e no pensamento universal desde a Revolução
Industrial, e que jamais poderia se equipar a uma mera mercadoria. Dedicando ao
múltiplo a mesma reverência do sistema exclusivista da obra única, assume a
multiplicidade como mais um desafio para o criador e suas inquietudes
conceituais. A galeria celebra, portanto, cinco anos de êxito e de resistência
às posturas conservadoras, que insistem em ver a criação do múltiplo com visão
anacrônica e olhos castrados.
Os números não mentem.
Nesses cinco anos, a Galeria Carbono promoveu duzentas edições exclusivas, de
cento e cinquenta artistas brasileiros, além de ter realizado vinte exposições,
e de ter estabelecido intercâmbio com diversas casas de edições internacionais.
Renomados artistas e curadores do Brasil e do mundo participaram de suas mostras,
numa adesão que traduzia o reconhecimento consciente de seus valores. Desde o
início, ficaram claros os padrões profissionais e a seriedade da galeria, a
ponto de se poder mesmo dizer que ela, praticamente, já nasceu madura. E aqui
não se trata de precocidade, mas, sim, de respeito e compromisso permanente com
os processos, veículos e conceitos contemporâneos.
1- Benjamin, Walter - in “A obra de arte na época de sua reprodutibilidade técnica”, Teoria
da Cultura de Massa, Saga, Rio de Janeiro, s/d.
2-
Beuys, Joseph – citado por Hilary Lane e Andrew
Patrizio, in catálogo da exposição “Art
Unlimited: Multiples from the 1960s and 1990s”, Arts Council Collection,
Londres, 1994.
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