quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Convite

Outras Perspectivas: exposição coletiva

TexPrima apresenta:

Outras Perspectivas, exposição coletiva com os artistas: Estela Sokol, Fernando Limberger, Julia Kater, Laura Gorski e Rosângela Dorazio, curadoria de Teresa Berlinck


Abertura: 11 de janeiro das 10h às 16h
Visitação: de 12 de janeiro a 27 de fevereiro de 2011

A exposição Outras Perspectivas surgiu do desejo de articular sentidos e destacar algumas relações entre arte contemporânea e tendências da moda. Os artistas Estela Sokol, Fernando Limberger, Julia Kater, Laura Gorski e Rosângela Dorazio foram convidados a elaborar trabalhos para representar um conjunto de aspirações atuais. As obras apresentadas destacam diferentes aspectos do discurso contemporâneo: espaços da cor, implantação de jardins, fotografia em colagem digital, redesenho da paisagem, relatos do cotidiano, fragmentos da memória. Essa iniciativa é da TexPrima, que pretende realizar ao menos duas exposições ao ano, fomentando assim, um espaço expositivo fora do circuito comercial.
Planejar um ambiente com obras de arte implantadas ao ar livre e organizadas num percurso de diferentes percepções, inevitavelmente evoca a idéia da construção do jardim. Paisagem fabricada pela vontade humana, o jardim sugere a oposição entre cultura e natureza selvagem. Símbolo do paraíso terrestre e do paraíso celeste, o jardim também é sonho e representação do mundo.

O arquiteto Nahum H. Levin iniciou a ocupação do terreno sede da mostra pelo traçado de um circuito. Definido por uma passarela que atravessa tubos de concreto, esse desenho sugere a noção de fluidez e propõe pontos de vista, perspectivas e pontos de fuga ao observador.
A interferência dos artistas converteu os tubos, previamente destinados a abrigar as obras, em ferramenta de transformação do espaço, potencializando sentidos e revelando significados singulares para o redesenho desse quintal urbano.

Como resultado desse processo, formas distintas de perceber e de estar no mundo se revelaram nos trabalhos e na ocupação do ambiente. Ao longo do canteiro de proposições e questionamentos, algo se anuncia sempre mais adiante. E essa experiência não é só fruto do trabalho dos artistas, do arquiteto ou do público visitante, mas de todos e de cada um, configurando uma atualidade na busca de outras perspectivas.

O QUE CADA ARTISTA IRÁ APRESENTAR

O trabalho de Estela Sokol reproduz a experiência de percepção da cor. Sua prática lembra e ensina que vemos as cores por meio do reflexo da luz. A artista combina materiais sólidos pintados e a reverberação de sua cor luz nas superfícies, para construir objetos e instalações. Tons luminosos, aplicados em áreas ocultas aos olhos do observador, são emitidos no ambiente para completar a conformação do espaço ocupado pelas peças. Ao eleger tonalidades quentes como vermelhos, laranjas e amarelos, Estela promove a reflexão das cores em efeito luminoso que chama de fervilhamento. Em Aurora, Sokol converte a maneira de usar os dutos de concreto que compõem a exposição. A artista tomba, empilha e pinta de branco os módulos que formam o tubo, transformando o túnel de passagem em cilindro que se projeta verticalmente. A cor luz, característica do trabalho da artista, é revelada ao observador refletida na parede interna da forma circular. E esse alaranjado que fervilha na superfície da peça atenua o sentido monolítico da estrutura, diluindo seu contorno, subtraindo seu peso. Ao pulsar, clara, a escultura cintila como a luz da alvorada que anuncia o dia: dissolve formas e dá lugar à experiência.
Em seu processo artístico, Fernando Limberger amplia o sentido e a percepção do ambiente articulando formas geométricas, jogos cromáticos e a incorporação do espaço tridimensional como ferramenta de trabalho. Essa prática aproxima suas intervenções das bases da arte abstrata internacional e das experiências de Hélio Oiticica, atualizando procedimentos e meios dessa tradição artística. Círculo do amor é um jardim composto de areia tingida de cor-de-rosa e cactos redondos, conhecidos como cacto-bola. O círculo de areia implantado no terreno de cascalho, entremeado de cactos verdes, evoca a simplicidade precisa e calculada do jardim japonês tradicional. Entretanto, a explosão de contrastes sugerida pelo trabalho converte o que poderia ser uma experiência contemplativa e interiorizada em piscadela de ironia pop, um respiro para além das disciplinas do silêncio. Na alegria do verde e rosa, esse jardim, que como todo jardim é também um símbolo do paraíso terrestre, rasga a fantasia e cai no samba. E o círculo rosado de Limberger abraça e acolhe pequenas famílias de pompons verdes, celebrando a união e a alegria do amor. Só que as graciosas bolotas são também espinhudas. Como no amor, o contato pode machucar.
No trabalho de Julia Kater o céu representa o tempo, a não permanência, a possibilidade de mudança. Inicialmente, a artista fotografa lugares e paisagens que fazem parte de seu passado e de suas lembranças. As fotografias, ampliadas em papel, são então submetidas a cortes de tesoura e estilete. Dessas incisões surgem manchas azuis, trechos do céu/tempo invadindo a realidade documentada. Em forma de gotas, o azul se transforma em líquido e tenciona a imagem até transbordar. Transbordar e vazar, invadindo a cena para revelar uma outra realidade, antes oculta pela camada aparente. Mas a imagem que resulta da sobreposição desse estrato oculto ─ agora sobre a superfície da foto ─ não se completa. O céu escorrido anula o sentido documental do registro e, ao dissipar essa realidade, introduz um prenúncio de transformação. O azul derramado manifesta sua força, anunciando sentimentos que reverberam por trás das emoções.
A fotografia é o ponto de partida da prática de Laura Gorski. Nas imagens captadas por sua câmera, a artista procura espaços vazios e neles as formas geradas pela ausência de matéria. Esses vazios são então preenchidos com tinta preta e o desenho da paisagem é formado pelo fundo, o branco não pintado do suporte. Deslocadas de seu contexto original e aplicadas em muros e paredes, as paisagens resultantes desse processo reinventam o local em que são instaladas. Para a artista, desenhar na parede é devolver as imagens ao mundo em uma nova relação contextual, trabalhando com variações de escala e inversões de ponto de vista, e sugerindo conexões possíveis entre elementos reais e inventados. Palmeira azul integra a experiência atual da artista de construir imagens pela sobreposição de camadas. Nesse trabalho, silhuetas de palmas foram estampadas em tecido translúcido por meio de impressão digital. A imagem surge então em várias tonalidades de preto, resultado das velaturas originadas pela soma das camadas de tecido. E a leve folhagem gráfica balança oriental, movida pela brisa que sopra para lembrar o haikai do poeta curitibano.

O trabalho de Rosângela Dorazio parte da rememoração. A artista seleciona lembranças do dia a dia e submete-as a processos de fragmentação e desgaste, em meios como gravura, fotografia, vídeo e instalação. Ao alterar seu repertório de mitos íntimos e familiares por meio dessas intervenções, Dorazio configura uma realidade na qual falso e verdadeiro são alternativas paralelas. Se o mundo é real, a realidade não é aquela que cada um constrói para si? Na obra Eu vejo e me lembro: não vi nem tava lá o projeto arquitetônico da mostra é alterado pela artista, que interrompe o percurso do visitante. Duas caixas dispostas no interior de um tubo impedem a passagem e obrigam a uma pausa, quase um contratempo. Dentro das caixas, um presente: cartazes de lambe-lambe em xilogravuras sobre papel rosa. Gravados na nova realidade criada pela artista, esses fragmentos de lembranças convidam o observador a partilhar do exercício de rememoração. Mas ao levantar os olhos dessa pausa, vemos as mesmas imagens que temos nas mãos cobrindo o muro do espaço expositivo. Em obsessiva repetição, elas perdem o sentido de intimidade que guardavam no interior das caixas. E o que antes parecia reservado e particular, torna-se público e universal.

TexPrima: atua na área têxtil há mais de 20 anos, é hoje considerada uma das melhores opções no ramo de tecidos, agregando um grande trabalho de criação e pesquisa de tendências no segmento da moda.

release elaborado a partir de texto de Teresa Berlinck / Curadora.

SERVIÇO:
Exposição: Outras Perspectivas com os artistas Estela Sokol, Fernando Limberger, Julia Kater, Laura Gorski e Rosângela Dorazio
Data: de 11 de janeiro a 27 de fevereiro de 2011
Endereço: Rua Candarai, 589 – Casa Verde
Horário: de segunda a sexta-feira, das 10h às 16h, exceto aos sábados.
Curadoria: Teresa Berlinck
Realização e Produção: Calina Projetos Culturais e Sociais
Arquitetura e Montagem: NA1 Arquitetura
Projeto: TexPrima
Assessoria de imprensa: Solange Viana
tel (11) 4777.0234 - solange.viana@uol.com.br ou solangeviana80@gmail.com
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