sábado, 29 de novembro de 2014

Hoje é dia de Ana Nitzan | destaque na Ilustrada

Hoje acontece a abertura da exposição SUBLIMAÇÃO e lançamento de livro de Ana Nitzan. É no dconcept escritório de arte. Vamos? Das 14h às 18h.

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Thomaz Farkas é a nova exposição na LUCIANA BRITO GALERIA




Thomaz Farkas referencial e inédito

Exposição Memórias e descobertas reúne fotografias icônicas e achados recentes e nunca vistos do artista morto em 2011, um dos nomes máximos da fotografia brasileira. De 08/11/14 a 9/1/15

Luciana Brito Galeria tem o prazer de ser a primeira galeria a representar comercialmente (desde 2013) e, agora, a realizar uma exposição individual de Thomaz Farkas (1924-2011). Sua carreira tem sido foco de várias individuais e coletivas antológicas com variados recortes desde os anos 40, além de um extenso trabalho de pesquisa e preservação realizado pelo Instituto Moreira Salles desde 2007. No entanto, esta seleção, com curadoria de Sergio Burgi e João Farkas, reúne um panorama especialmente amplo da obra do artista. Será a primeira vez que séries importantes de autoria de Thomaz Farkas são reunidas em conjuntos maiores.

A famosa série Recortes, que sintetiza sua pesquisa formal, e o impressionante registro da criação de Brasília, com um certo caráter cinematográfico, por exemplo, são dois pilares de facetas complementares do artista, cujo trabalho fundia rigor técnico, experimentalismo e um profundo interesse pela realidade brasileira.

Com quase uma centena de trabalhos, a exposição abrange sua produção inicial (incluindo imagens inéditas das célebres séries feitas em 1946 com bailarinos russos e brasileiros), filmes (na maturidade artística, seu interesse pelo cinema documentário o levaria a criar a Caravana Farkas, responsável por uma produção icônica dedicada à cultura brasileira), e documentos. Uma rara série em cor também será exibida, além de ampliações de época nunca antes expostas.

Thomaz Farkas é um dos principais nomes da fotografia brasileira moderna, ao lado de artistas como Gaspar Gasparian e Geraldo de Barros. Partindo criticamente do pictorialismo e da fotografia baseada nos gêneros tradicionais da pintura (retrato, paisagem, etc), os artistas enfocaram aspectos do meio fotográfico em si, distanciando-se do tratamento de fotografias como meras reproduções. Mas Farkas se destacaria também como empresário, produtor e realizador cinematográfico, empreendedor cultural, pesquisador e divulgador da arte fotográfica.

Nascido em Budapeste e radicado em São Paulo desde os 6 anos de idade, Thomaz Farkas era filho do fundador da Fotoptica, empresa pioneira na comercialização de equipamentos fotográficos no Brasil. Sua primeira exposição individual aconteceu em 1949, no Museu de Arte Moderna de São Paulo. No mesmo ano, o fotógrafo teve trabalhos selecionados para mostra no MoMA de Nova York, que naquele momento também adquire sete de suas obras.

Quatro vezes eleito o representante do Brasil na Photographic Society of America, Farkas foi também central na criação dos departamentos de fotografia do MASP e do MAM-SP. Além do Musem of Modern Art de Nova York, a obra do fotógrafo pode ser encontrada em acervos como os da Pinacoteca do Estado de São Paulo, Maison Européene de la Photographie e Instituto Moreira Salles (que lhe dedicou um livro antológico editado em 2010-11), entre outras instituições. Farkas faleceu em São Paulo, em 2011.

A exposição inclui lançamento de livro homônimo com mais de uma centena de reproduções e textos dos curadores e do pesquisador Rubens Fernandes Junior, entre outros (220 páginas, bilíngue: português e inglês).

SERVIço







THOMAZ FARKAS: MEMÓRIAS E DESCOBERTAS

Local                         Luciana Brito Galeria
Rua Gomes de Carvalho, 842 – Vila Olímpia (11) 3842 0634

Período                    de 8 de novembro de 2014 a 9 de janeiro de 2015
Horário                    de terça a sábado, das 10 às 19h

CuradorIa                Sergio Burgi e João Farkas

Assessoria de Imprensa: Solange Viana | t. (11) 4777.0234 | solange.viana@uol.com.br | HTTP://solangeviana.blogspot.com



quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Ana Calzavara é destaque no GUIA DA FOLHA


Ana Nitzan lança seu primeiro livro "Sublimação"


“Sublimação” - livro de Ana Nitzan

Primeiro livro da artista paulistana Ana Nitzan, será lançado dia 11 de novembro, às 19h, no BESI Brasil. A obra, um objeto de arte, conta com encadernação original e foi organizada pelo curador Eder Chiodetto com projeto gráfico de Milena Galli.


“Sublimação” é o título do primeiro livro da artista Ana Nitzan, organizado pelo curador Eder Chiodetto, o livro reúne fotografias da série, além de cadernos de imagens que mostram os vários processos de trabalho da artista em seu ateliê, texto de apresentação e uma entrevista. Pensado como um livro-objeto, a obra teve projeto gráfico de Milena Galli. Folhas duplas são intercaladas com cadernos de paginação simples, criado assim o volume por meio do qual as imagens de árvores de flores ganham a mesma ilusão de tridimensionalidade que a artista obtém nas suas obras em galerias e museus.

Ao se deparar um dia com uma imensa árvore florida, Ana se deparou com um problema: como representar tal grandiosidade por meio da fotografia? Intuitivamente fotografou dois lados da árvore. Na edição, uniu as duas faces. As árvores surgiam sem tronco, sem contato com o solo. Era como se voassem. Ao fotografar os dois lados da mesma copa, na tentativa de forçar os limites da fotografia para que aludisse à tridimensionalidade do referente, a artista casualmente criou a ilusão de uma levitação.

Conta a artista “criei um universo por onde vago nas memórias da infância, sob as raízes ou sobre as copas das árvores. Lugares interiores onde me permitia sonhar com o que ainda não havia acontecido”.

A artista explica como chegou neste processo: “Depois de estudar fotografia, decidi experimentar a pintura, o desenho e, finalmente, a construção de objetos. Durante um tempo, velei fotografias com pintura. Destas experimentações surgiu a linha que eu buscava para juntar desenho e fotografia. A linha passou a ser um elemento muito presente nos meus trabalhos” diz a artista.


Para o curador Eder Chiodetto, “Costurando as duas faces da árvore pelo avesso do papel fotográfico e abrindo-o, como quem abre um livro – metáfora da fonte de conhecimento –, Ana Nitzan conseguiu unir as pontas, estéticas e conceituais, que entrelaçam as indagações poéticas e filosóficas que a despertaram naquele primeiro momento diante da árvore no campo. Essa imagem-sublevação sintetiza organicamente os ciclos vitais, a transcendência, a espiritualidade. Ao mesmo tempo, especula poeticamente sobre os limites da representação, da nossa percepção visual, do nosso olhar para o entorno”, diz.

Sobre a artista:

Ana Nitzan, paulistana, formada pela Escola Rudolf Steiner de São Paulo Waldorf e Desenho Industrial pela FAAP de São Paulo, em 1989. Possui produção artística desde 1990. Desenvolve pesquisa em fotografia, desenho, pintura, jóias, escultura e suportes que supram a necessidade de expressão poética da reflexão artística. As obras, na maioria dos casos, referem-se à percepção simbólica e afetiva entre ser humano e natureza. A mais recente série de Ana Nitzan, Sustentável Sublimação alude ao momento em que a árvore, sem o caule é sustentada pelo ar, transcendendo a fotografia que é literalmente costurada formando um volume real, esta segunda questão de fundo de toda essa série: o antagonismo entre os pontos da imagem em si, espiritualidade e mito. Participou de diversas exposições individuais e coletivas tanto no Brasil como no exterior. Possui obras em coleções públicas, Banco Espirito Santo, BES e Banco Itaú S.A.


SERVIÇO:
Lançamento do livro e exposição SUBLIMAÇÃO de Ana Nitzan
R$ 100,00  | 244 págs
Instalação e fotos (com fragmentos, desenhos, cristais, terra, sementes de cobre que constroem o pensamento da artista). Dress photo by phD edição limitada
Abertura: 29 de novembro, sábado, das 14h às 18h
Visitação: de 01 a 23 de dezembro de 2014
Local: dconcept escritório de arte na Al Lorena 1257 G1/C3.
Cep 01424-001 Jardins |São Paulo | Tel 3085 5006 www.dconcept.com
De segunda a sexta das 14h às 19h | Sábados das 11h às 15h | Entrada Franca
Patrocínio: BESI do Brasil S.A.

Assessoria de Imprensa: Solange Viana | t. (11) 4777.0234 | solange.viana@uol.com.br | HTTP://solangeviana.blogspot.com


Próxima Exposição: Ana Michaelis que acontece no D' Concept

                   
Ana Michaelis apresenta ILUSÃO exposição individual na d'concept
Abertura, 22 de outubro, quarta-feira, às 19h
Visitação: de 22 de outubro a 22 de novembro de 2014

“Ilusão” é o título da nova exposição individual da artista visual, Ana Michaelis, que abre em 22 de outubro, quarta-feira, às 19h, para convidados, permanecendo até 22 de novembro na dconcept escritório de arte, na Al Lorena 1257 G1/C3. Na ocasião a artista apresentará um site specific (na parede frontal com 2,5 m de comprimento e as duas paredes laterais com 4m de comprimento cada.  As paredes possuem altura de 2,7m), além de 10 telas em diversos formatos.

Ana Michaelis constrói paisagens inabitadas, imaginárias com uma atmosfera etérea que se forma através do exercício metódico de aplicar camadas e camadas de branco sobre as massas escuras que se sobrepõem e constituem o sofisticado jogo de planos que estruturam seus trabalhos.

Por trás dessas velaturas se entrevê a um só tempo um processo de apagamento ou esvaecimento da imagem como o da emergência de uma outra paisagem, uma paisagem "nebulosa". Nas nuances acinzentadas percebe-se um desejo da artista em buscar outro canal de sensibilidade na experiência de apreensão do mundo.

Entendemos que a representação dessas paisagens não serve como uma maneira de se conhecer a verdadeira realidade da natureza. A intenção da artista não é uma copia do mundo que se apresenta com todas suas particularidades mas sim uma paisagem que será a representação de um recorte dos sentidos e memorias tanto pessoais como coletivas.

Ana estabelece um contraponto entre as noções de "imagem do mundo" e "mundo como imagem", tencionando neste procedimento a ideia de representação, na medida em que introduz um fator de distorção – que conforma a aura de suave artificialidade que envolve suas pinturas.

Surgem dessa forma outras paisagens, ou paisagens "de uma outra natureza"; paisagens inventadas. Criando essa artificialidade notamos que a intenção da artista é clara em resgatar a importância fundamental de situar o espectador em uma dimensão imaginaria concentrada nas potencialidades sob a perspectiva da ilusão.

Perspectiva da Ilusão
 “Segundo a qual o que se quer que um quadro represente, o faz em virtude de dar ao espectador a falsa crença perspectiva de que ele está na presença do que é representado” . (texto retirado do livro “A Pintura como Arte” de Richard Wollheim, pag 77, editora Cosac & Naify).

Sob esse conceito ampliado, a artista para a exposição irá fazer um site specifc. O espectador será envolvido por uma paisagem imaginaria, pintada em 3 grandes paredes em um espaço fechado da galeria. A paisagem representada terá a ausência da figura humana e interferência do homem e será uma imagem de atmosfera etérea que paira entre a lembrança e a imaginação sugerindo um sentido de tempo alongado e um potencial de reflexão e meditação. Apesar da artificialidade da imagem, o espectador será levado a ilusão de que ele está na presença e faz parte do que é representado. Ao termino da exposição as paredes serão pintadas de branco apagando toda a pintura.

A atmosfera etérea tem o intuito de fazer sobressair a luz e diluir os traços, sugerindo uma paisagem que instiga no observador a sensação única de lembrança e ilusão, talvez, sobretudo se pensamos que toda paisagem de certo modo sempre se efetiva ou se realiza a partir do ponto de vista de quem a contempla.

Fotos: Rômulo Fialdini

SERVIÇO:
ILUSÃO de Ana Michaelis
ONDE
dconcept escritório de arte na Al Lorena 1257 G1/C3.
Cep 01424-001 Jardins
São Paulo
Tel 3085 5006 ou 98346 3608
Site : www.dconcept.com

Quando
Data da abertura : 22 de outubro, quarta-feira, às 19h
Período da exposição : 22 de outubro a 22 de novembro de 2014

Obras
No primeiro espaço da  d'concept será um site specific.
Informações do site specific:
Título: Ilusão
Ano : 2014
Dimensão : A parede frontal com 2,5 m de comprimento e as duas paredes laterais com 4m de comprimento cada.  As 3 paredes com altura de 2,7m .
No final da exposição as paredes serão pintadas de branco desaparecendo a imagem.

No segundo espaço da  d'concept.
Serão 10 telas de dimensões variadas no segundo espaço da D’Concept.
Ano : 2014
Dimensões:
65 x 85 cm, 70 x 90 cm, 100 x 105 cm, 100 x 120 cm e 140 x 165 cm.

Assessoria de Imprensa: Solange Viana | t. (11) 4777.0234 | solange.viana@uol.com.br | HTTP://solangeviana.blogspot.com



QUEM É ANA MICHAELIS

Ana Michaelis é carioca. Vive e trabalha em São Paulo. Participou de inúmeras exposições individuais e coletivas como: Galeria Art Lounge, “Obras Recentes”, Lisboa, Portugal (2013). AM Galeria Horizonte, “Azul”, São Paulo, SP, (2011), Galeria Art Lounge, “Em Algum Lugar”, Lisboa, Portugal, (2006). Paço das Artes, “Paisagens da Memória”, São Paulo, SP, (2003).Galeria Mônica Filgueiras, “Paisagens da Afetividade”, São Paulo, SP (2002). Galeria Nara Roesler, “O Rosto do Outro”, São Paulo, SP, (1997). Galeria Adriana Penteado, “Pinturas Recentes”, São Paulo, SP, (1994) que são as individuais. Diversas coletivas, entre elas: AM Galeria, “Projeto Boletim ou Shortcuts #01”, Belo Horizonte, MG (2014). FAV Galeria, “Jardins”, Goiânia, GO, 2014. Grand Rapids Art Museum, “Reimaginando a Paisagem e o Futuro da Natureza”, Grand Rapids, Michigan, EUA , 2013. Galeria Referência,  “CenterFolder”, Brasília, DF, 2012.  Espaço Contraponto, “Em Branco - Territórios sem Fronteiras”, São Paulo, SP, 2011. AM Galeria Horizonte, “Perfil”, São Paulo, 2011. Casa das Onze Janelas, “Em Branco – Recortes, Colagens e Adesivos”, Belém, PA, 2008. AM Galeria de Arte, “Paisagens”, Belo Horizonte, BH, 2008. Galeria Referência, “Em Branco”, Brasília, DF, 2008. Florenceantonio.com Galeria, “Casa dos Macacos”, São Paulo, SP, 2007. Florenceantonio.com Galeria + Tripityque, “Homens Trabalhando”, São Paulo, SP, 2007.   Florenceantonio.com Galeria, Escola São Paulo, São Paulo, SP, 2007.  Palácio das Artes, “Em Branco”, Belo Horizonte, MG, 2006.Centro Cultural São Paulo, “Água Corrente”, São Paulo, SP, 2006.  Galeria Bolsa de Arte, “Em Branco”, Porto Alegre, RS, 2004.Galeria Martha Traba, São Paulo, SP 2003. Casa das Rosas, São Paulo, SP, 2003. Entre muitas outras, além de Feiras Nacionais e Internacionais de Arte Contemporânea como: Art Monaco, Monaco, 2012, Arte Lisboa 12, Lisboa, 2012. Feira Parte, São Paulo, 2012. Art Rio, Rio de Janeiro, 2011. SP Arte, 09, 10 e 11, São Paulo, 2011.Feira de Arte Contemporânea Madrid, Espanha, 2009. Arte Lisboa 09, Feira de Arte Contemporânea de Lisboa, Portugal, 2009.Feira de Arte Contemporânea Madrid, Espanha, 2008. Arte Lisboa 08, Feira de Arte Contemporânea de Lisboa, Portugal, 2008. Feira de Arte Contemporânea Madrid, Espanha, 2007. Arte Lisboa 07, Feira de Arte Contemporânea de Lisboa, Portugal, 2007. Arte Lisboa 06, Feira de Arte Contemporânea de Lisboa, Portugal, 2006. Participou em Bienais Internacionais de Arte: XIII Bienal de Arte de Cerveira, Vila Nova Cerveira, Portugal (2005). E na XX Bienal Internacional de São Paulo, Evento Especial “Circuito Atelier Aberto”, São Paulo, SP, 1989.
           

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

"pequenos erros sem importância" de Ana Calzavara


“Pequenos Erros sem Importância”
gravuras e fotografias de Ana Calzavara
de 05 de agosto a 13 de setembro de 2014
na Gravura Brasileira
No dia 6 de setembro, sábado, papo de artista, 11h30

(abaixo texto crítico de Cauê Alves)

“Pequenos erros sem importância”, título que dá nome a mais recente exposição de Ana Calzavara na Galeria Gravura Brasileira e que permanece em exibição até 13 setembro, com entrada franca. No próximo dia 6 de setembro, sábado, teremos um “papo de artista”, a partir das 11h30.

Trata-se, de fotografias e gravuras agrupadas que remetem à ideia da não-exatidão, da falibilidade. Baseado no livro de contos do autor italiano Antonio Tabucchi, aponta para o processo de criação da artista – mínimos desajustes de registro, sobreposições que não coincidem, repetições, ausências, fragmentos. Esses trabalhos, de um modo ou de outro, falam da condição da incerteza, tão amada pelos barrocos, que a elevaram à metáfora do mundo.

Mas ao mesmo tempo em que, em certa medida, não têm como vocação a procura pelo absoluto, também é fato que não se contentam com uma existência totalmente destituída de sublime, mas essa via sempre se dá a partir da experiência e da ordem do contingente. Daí a presença constante, na mostra, dos trabalhos em série, tentativas de falar das coisas não em uma única imagem que busca a essência, mas nas repetições que, numa passada regular e quase monótona, vão se somando até formar um sentido, discretamente. Ou, se única, é uma imagem feita de amálgamas, acréscimos, sobreposições, como num coro em que a beleza é apreendida na somatória de várias vozes em uníssono.
Ana Calzavara nasceu em Campinas, São Paulo, em 1971. É graduada em Artes Plásticas pela Unicamp, pós-graduada em Pintura pela Byam Shaw (Londres), mestre e doutora em Poéticas Visuais pela ECA-USP. Já participou de mostras individuais no Centro Cultural São Paulo (2001) e no Museu da Imagem e do Som (MIS). Dentre suas exposições coletivas recentes destacam-se: VIII Premio Arte Laguna, em Veneza, Itália (2014) e a 8th Biennale internationale d’estampe contemporaine de Trois-Rivière,  no Canadá. (2013).  Seu trabalho está em coleções como Museu da Imagem e do Som de São Paulo (MIS); Museu de Arte Contemporânea do Paraná (MAC-PR); Museu de Arte Contemporânea de Santo André, SP e Museu Olho Latino, Atibaia, SP.

SERVIÇO:
Pequenos erros sem importância de Ana Casalvara                                                                         
Visitação- de 05 de agosto a 13 de setembro de 2014.
seg a sex- das 10h às 18h | sáb- das 11h às 13h
GRÁTIS
06 de setembro, sábado, às 11h30 “papo de artista”, grátis.
galeria Gravura Brasileira
rua Dr. Franco da Rocha, 61
Perdizes, São Paulo, SP
f.11.3624.0301 e 3624.9193

Assessoria de imprensa: Solange Viana | solange.viana@uol.com.br |

Pequenos erros sem importância                                                                          
Cauê Alves
O erro geralmente surge de um engano ou de um deslize. É a ocorrência de um ato não calculado, de uma incorreção que foge ao projeto original. Nas artes gráficas os pequenos erros são observados na impressão, que pode estar fora de registro, com uma cor mais rala ou algum problema na matriz que deixa aparente a falta de acabamento. Mais do que assumir pequenos erros como parte do processo, Ana Calzavara faz deles um recurso expressivo. Isso poderia ser uma contradição na medida em que, se o objetivo é chegar ao erro, ele deixaria de ser uma falha e se tornaria um fim, a realização plena de um projeto. Entretanto, a artista explora alguns erros, em sua tensão e potência que lhes são inerentes, como elementos de sua linguagem.
Esse seu apreço pelas pequenas imperfeições revela, na verdade, uma operação para dar voz ao acaso, ao esgarçar das regras, aquilo que foge ao programado. Assim, os pequenos erros sem importância se tornam fundamentais em sua poética, justamente porque são conquistas técnicas, em parte previstas, em parte imprevistos incorporados, que se convertem em uma intenção deliberada em reconhecer a qualidade nos pequenos defeitos. Se, ao menos desde os modernos, não há mais um modelo correto ou paradigma a ser seguido na arte, o trabalho de Ana Calzavara investiga o “erro” como estratégia do trabalho.
A paisagem é recorrente nas impressões de gravuras ou fotografias da artista. Apesar de ser um gênero tradicionalmente ligado à representação de um espaço determinado, chama atenção em sua obra o modo como o tempo se torna aos poucos o protagonista. Enquanto isso, a paisagem às vezes não se revela inteiramente. É no destaque dado à passagem de um quadro a outro que surge o vínculo com o cinema. Entretanto, o cinema provoca ilusão de movimento a partir de uma sequencia de vinte e quatro quadros por segundo. Já no trabalho Pequenos erros sem importância há outra noção de tempo.
Seis imagens tomadas de seis ângulos diferentes, que não estão colocadas em sequência, são distribuídas lado a lado, separadamente. É como se entre cada imagem surgissem lapsos temporais e pequenos hiatos. As impressões se organizam quase como num caleidoscópio, a partir de uma estrutura geométrica espelhada. Galhos de árvore se bifurcam, se refletem e, em alguns momentos, dão a sensação de continuidade entre as imagens. Logo em seguida essa ilusão se desfaz e o todo caótico aparece, assim como micro desníveis e interrupções no alinhamento das fotografias. Outro trabalho (O pulso de todos os tempos) reúne os mesmos seis quadros sobrepostos. Com isso as camadas se entrelaçam, se conectam, se distanciam e criam luzes e texturas diversas. É como se a sobreposição trouxesse um tempo de condensação, em vez da dispersão das seis imagens anteriores. Tudo passa a acontecer no mesmo instante, no mesmo lugar, numa soma densa e turva de imagens. Não há espaçamento dos quadros num sentido de sucessão contínua, como no cinema, e sim o procedimento de reter tudo num único espaço, o papel. Com isso, a artista inventa dimensões que as imagens não teriam isoladamente.
Em Jogo da amarelinha, Ana Calzavara trabalha com uma sequência de imagens que têm como ponto de partida apenas uma fotografia que se repete e se transforma. Trata-se da sucessão do mesmo evento, de um instante em que um fragmento de uma árvore surge contra um céu monocromático. A ênfase está na relação figura-fundo, negativo-positivo, como se um se transformasse em outro. Em alguns momentos há uma pausa que traz o fundo para frente, seja o branco ou o ocre das paredes, seja o preto ou o cinza dos papéis impressos. Os vazios e planos monocromáticos intercalados na sequência de gravuras funcionam como elementos de respiro do conjunto e, ao mesmo tempo, integram o trabalho ao espaço da sala expositiva. Duas impressões com pequenos desajustes, um tanto fora de registro, ainda contribuem para conferir ao todo um jogo de cálculo inexato, como numa dialética sem síntese. A primeira é a sobreposição das imagens positiva e negativa em que os contrários cromáticos não se anulam e se mantém pulsantes. A outra apresenta uma impressão xilográfica sobre fotografia – a mancha resultante ao mesmo tempo que embaralha, confere movimento e tridimensionalidade à imagem.
O trabalho de Ana Calzavara lida com continuidades e rupturas entre imagens. A artista opera ora por justaposição, ora fundindo matrizes. Numa sequência de quatro impressões de uma paisagem colorida é como se a mesma imagem se transformasse em outra apenas pelo lugar em que está posicionada no conjunto. O efeito também lembra o que no cinema se chama detravelling, em que há um deslocamento da câmera no espaço. Entretanto, o resultado é semelhante ao de uma panorâmica, em que a câmera gira em seu próprio eixo horizontal. Pequenas interferências realizadas pela artista nas imagens nos faz descobrir com surpresa que estamos nos movimentando ao redor de uma mesma cena e que retornamos ao ponto de partida.
                O voo de um soturno urubu ao redor de uma trave de gol em uma praia deserta qualquer é o motivo de uma série de oito paisagens cinematográficas feitas em xilogravura. É como se cada impressão trouxesse um ângulo distinto de uma mesma cena. Alguns elementos são permutáveis e aparecem em diferentes impressões, fazendo de cada imagem algo único. Apesar de a cena não se passar durante a noite, não se trata de uma visão solar e radiante, mas de uma luz de pôr do sol, de ocaso. O tom ocre, ao mesmo tempo iluminado e obscuro, prevalece no conjunto. É como se tivéssemos a decupagem de um acontecimento em diferentes planos e tomadas. Temos a percepção distanciada, de sobrevoo, algo distante do ângulo de quem de fato habita a terra. Os ângulos são recuados, como se pudessem ser oniscientes e captar toda a solidão e melancolia do mundo.
                 A mesma atmosfera de vazio e silêncio reaparece em Conte d’amour, que também traz fragmentos, mas nesse caso as partes se encaixam e formam um único painel. É uma gravura que tem como imagem inicial um pequeno desenho, mas que traz algo da linguagem da pintura, com suas cores vibrantes. Paisagem e figura humana convivem e ressaltam um estado de espírito contemplativo.
Já o grande autorretrato da artista com olhos fechados indica um movimento de volta sobre si, como a busca de uma paisagem interior. A autorreflexão como retorno ao mundo da subjetividade é, ao mesmo tempo, o encontro consigo, com os outros e com o espaço ao redor, mesmo que eles não coincidam completamente. Um desajuste semelhante de espaço pode ser reencontrado na soma de duas matrizes de xilografia e uma fotografia impressa em metacrilato. É exatamente a inexatidão no registro, uma falta de coincidência plena das imagens, que configura um “pequeno erro”.
Os meios reprodutíveis, sejam manuais ou mecânicos, lidam sempre com a reiteração. Cada cópia deve ser idêntica à outra. Mas a artista, também em resposta ao tecnicismo que domina o mundo contemporâneo, prefere operar de modo mais humano, numa repetição que não se completa plenamente, uma vez que vai propositalmente se transformando pouco a pouco. Como num efeito borboleta, pequenos erros sem importância, às vezes imperceptíveis a olho nu, podem gerar um tsunami. Mas a repetição do gesto faz com que, no interior dele, surjam diferenças, ausências de procedimentos padrão ou mínimos desajustes.
Em vez do absoluto, o que interessa é a fragilidade e o vulnerável. A experimentação no trabalho da artista se alimenta do desconhecido, daquilo que será colocado à prova e, portanto, do que ainda não é reconhecido como um valor instituído. Ana Calzavara foge da completude máxima que tende a ser estéril, estagnada, que não se abre para o porvir e para o inacabamento do mundo. São os pequenos erros sem importância que fazem o seu trabalho fecundo e permitem que ele se desenvolva rumo ao indeterminado.
       
 Ana Calzavara nasceu em Campinas/SP, em 1971. É graduada em Artes Plásticas pela Unicamp, pós-graduada pela Byam Shaw (Londres), mestre e doutora em Poéticas Visuais pela ECA-USP. Já participou de mostras individuais no Centro Cultural São Paulo (2001) e no Museu da Imagem e do Som (2006). Dentre suas exposições coletivas recentes destacam-se: VIII Premio Arte Laguna, Veneza, Itália (2014) e a 8th Biennale internationale d’estampe contemporaine de Trois-Rivière, no Canadá (2013).  Seu trabalho está em coleções como Museu da Imagem e do Som de São Paulo (MIS); Museu de Arte Contemporânea do Paraná (MAC-PR); Museu de Arte Contemporânea de Santo André, SP e Museu Olho Latino, Atibaia, SP.