“CORPS DU MONDE | CORPOS DO MUNDO”
exposição individual de Ana Kesselring
Abertura, 6 de maio, quarta-feira, às 19h
Visitação: de 07 de maio a 07 de junho de 2015
CORPS DU MONDE | CORPOS DO MUNDO, é a primeira
individual que a artista Ana Kesselring apresenta a partir de 6 de maio no
dconcept escritório de arte.
Para conceber está
exposição, Ana Kesselring, que reside em Lisboa, pesquisou, através do seu
mestrado em Paris, as questões relativas ao corpo, onde concluiu que todos os corpos estão intimamente ligados.
Seus relevos de parede dão sequência
ao trabalho que a artista vem desenvolvendo e que chama de “os corpos do
mundo”, que segundo a curadora, Ligia Canongia, são “sobre as possibilidades de
representação do corpo em sentido expandido, que não passa única e
necessariamente pelo humano, embora sempre pelo orgânico. As peças expostas são
magmas de fragmentos de corpos animais e vegetais, compostos após sua moldagem
em cerâmica, sua coloração e esmaltagem, processo que inclui, portanto, a coisa
viva e sua posterior fossilização” conta Canongia em texto de apresentação
sobre a artista. A curadoria fica a cargo de Fabiana de Moraes.
Apaixonada pela técnica há bastante tempo, Ana
Kesselring já havia realizado algumas peças em porcelana em Paris, que mostrou
junto às suas gravuras – técnica a qual a artista se dedicou bastante, em
exposições na Sycomoreart Galerie, atual White Project, por exemplo.
A REALIZAÇÃO:
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A artista tira moldes de diversos elementos que,
segundo ela, fazem parte da nossa vida cotidiana. Estas formas vão sendo
agregadas e confundidas, criando complexas e poéticas sequências que formarão a
obra “Le corps du monde/os corpos do mundo”. Os esmaltes usados são criados no
próprio ateliê, segundo pesquisas da artista, que escolheu Lisboa para
desenvolver este projeto, inspirada no ceramista português, Bordalo Pinheiro.
SOBRE A
ARTISTA ANA KESSELRING
Graduada em Letras pela Universidade de São Paulo, trabalhou como
designer na sua empresa Caligrama. Durante os anos 95/2000 começou a formar-se
em arquitetura e em pintura ao mesmo tempo; desistiu da arquitetura para
concentrar-se na arte expondo no Centro Cultural Sao Paulo e no Centro
Maria Antonia (ambas 2002). Mas quando ganhou a bolsa da Residência Cité des
Arts, em Paris, pela FAAP, a orientação de seu trabalho deu uma guinada. "Paris me marcou para sempre, a obra e a
pessoa; nunca pensei ter acesso a dados de história da arte e a tanta
informação, e as exposições que vi durante os oito anos que lá residi",
conta Ana e completa: "As questões
ligadas à natureza me chamaram atenção em várias exposições e museus locais,
assim como a obra da artista Kiki Smith, que lida com o corpo, e os animais e
sobre a qual desenvolvi o mestrado na Université Paris 8”, diz a artista.
“CORPS DU MONDE | CORPOS
DO MUNDO”
exposição individual de
Ana Kesselring
Curadoria: Fabiana de Moraes
Texto apresentação: Ligia Canongia
Curadoria: Fabiana de Moraes
Texto apresentação: Ligia Canongia
Abertura: 6 de maio,
quarta-feira, às 19h
Visitação: de 07 de maio a 07 de
junho de 2015
Local: dconcept escritório de arte | Al
Lorena 1257 G1/C3
01424-001 Jardins | São
Paulo | SP
t. 3085 5006 | www.dconcept.com
De
segunda a sexta das 14h às 19h | Sábados das 11h às 15h | Entrada Franca
Assessoria de Imprensa: Solange Viana | t. (11) 4777.0234 | solange.viana@uol.com.br | HTTP://solangeviana.blogspot.com
Leia abaixo texto de
apresentação da curadora Ligia Canongia
Ana Kesselring –
Corpos estranhos
Os relevos de parede de Ana
Kesselring dão sequência à pesquisa da artista sobre o que ela chama de “os
corpos do mundo”, sobre as possibilidades de representação do corpo em sentido
expandido, que não passa única e necessariamente pelo humano, embora sempre
pelo orgânico. As peças expostas são magmas de fragmentos de corpos animais e
vegetais, compostos após sua moldagem em cerâmica, sua coloração e esmaltagem,
processo que inclui, portanto, a coisa viva e sua posterior fossilização.
Esse assemblage de moldagens, em que se sobressai o contato manual da
artista com seus meios, remonta à linhagem moderna de Miró, Henry Moore,
Noguchi e Gaudí, que se firmou pela busca das origens e do estado bruto das
coisas, assim como das relações humanas diretas com a natureza e com o mundo do
trabalho. Uma pulsão expressionista é latente na obra, não só pelas feições
informes das colagens e pela diluição de suas figuras em um amálgama abstrato,
como por criticar, consequentemente, a visada racionalista de certas
vanguardas.
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A transfiguração dos seres
reais nas agregações obscuras e ambivalentes de Ana Kesselring - ao mesmo
tempo, naturais e artificiais, familiares e bizarras, rígidas e sensuais -
atesta não somente o estranhamento produzido pela troca de seus contextos
lógicos, como, principalmente, pela capacidade poética de fazer a realidade
delirar e sair de sua estratificação normal. O que antes eram simples vegetais,
frutas, mariscos ou conchas, ganha excentricidade e se envolve em uma atmosfera
absurda, comparável à das figuras espantosas de Arcimboldo ou às deformações
surreais.
Pensadores admiráveis, como
Benjamin e Ernst Bloch já haviam detectado nos processos subjetivos da fantasia
expressionista e surreal algo conectado a uma nova concepção do tempo
histórico, aos fenômenos de transição que caracterizam uma realidade
multi-estratificada e plural. Para Bloch, “a obra expressionista é uma
consciência cindida que encontra seu todo nos fragmentos da realidade vivida” 1,
e tal afirmação pode nos levar aos amálgamas de Ana Kesselring, por
corresponderem à essa procura de totalidade e de unicidade perdidas, em meio
aos pedaços da experiência contemporânea.
O aspecto expressivo e a
sensualidade dos relevos da artista, contudo, são submetidos a um corte abrupto
em suas superfícies. A mão que molda a cerâmica é, paradoxalmente, a mesma que
faz incidir esse corte preciso sobre sua extensão. Partidos, mas organizados
por um traçado horizontal, sugerido na montagem das obras e coincidente com a
linha dos cortes, os relevos entram numa tensão espacial que não apenas
contrapõe à sua configuração turbulenta uma ordem inesperada, como conduz, pela
horizontalidade, à ideia de possíveis paisagens.
Paisagens que se confundem
com naturezas-mortas, estados morfológicos intermediários que rompem os gêneros
da tradição, reviramento dos arquétipos figurais da realidade em um universo
imaginário e improvável, tal é o mundo de Ana Kesselring, um mundo povoado de
seres transversais e de estruturas ambíguas, que moldam e cortam nosso próprio
olhar.
JORDÃO MACHADO, Carlos Eduardo – in “Um capítulo da
história da modernidade estética: debate sobre o expressionismo”, UNESP, São
Paulo, 1998.
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