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Carbono completa 5 anos e realiza
exposição comemorativa
Abraham Palatnik faz edição especial
para mostra
Abertura: 26 de
março, segunda, das 19h às 22h
Visitação: de 27 de
março a 19 de maio de 2018
Com um conceito único de múltiplos no Brasil, a Carbono Galeria completa 5 anos de
intenso trabalho. Com mais de 200 edições exclusivas, com artistas consagrados
nacionais e internacionais, abre mostra com uma retrospectiva desse período com
40 obras do seu acervo. Na ocasião será lançada uma edição especial de Abraham
Palatnik, realizada com exclusividade para a galeria. A abertura acontece no
próximo dia 26 de março e permanece até 19 de maio.
A edição especial para celebrar os cinco anos da galeria
assinada pelo Palatnik coincide com o aniversário de 90 anos do artista. Pioneiro
na arte cinética no Brasil, Abraham já participou de oito edições da
Bienal de SP e da 32ª Bienal de Veneza. O trabalho inédito para Carbono terá uma
tiragem de 25 e apresenta um relevo em vacuum
forming e pintura.
Comandada com garra e comprometimento por Ana Serra e
Renata Castro e Silva, a
Carbono trabalha com a colaboração de artistas
consolidados, importantes galerias e curadores experientes, apresenta edições
exclusivas com a finalidade maior de expandir o mercado, criando mais
oportunidades para novos colecionadores e difundindo o pensamento do artista.
Para a curadora Ligia Canongia, “Desde o
início, ficaram claros os padrões profissionais e a seriedade da galeria, a
ponto de se poder mesmo dizer que ela, praticamente, já nasceu madura. E aqui
não se trata de precocidade, mas, sim, de respeito e compromisso permanente com
os processos, veículos e conceitos contemporâneos” conta em texto de
apresentação.
Além do acervo exclusivo, a Carbono também trabalha em parceria com alguns dos melhores
editores internacionais. A cada curadoria, novas edições são incorporadas à
coleção, sempre com o rígido controle e certificação de autenticidade. As
edições, ou seja, obras de arte que são reproduzidas em série limitada (em sua
grande maioria), abrange diversas categorias, como esculturas, objetos, livros
de artistas, gravuras, fotografias, vídeos e até instalações.
Um livro comemorativo aos 5 anos também será lançado
durante o período expositivo, com textos de importantes curadores, galeristas,
críticos de arte entre outros.
Artistas participantes:
Abraham Palatnik
| Adriana Varejão | Alfredo Jaar | Almandrade | Ana Holck
| Ana Mazzei | Ana Prata | Angelo Venosa | Arnaldo Antunes
| Artur Lescher | Brígida Baltar | Bruno Dunley | Caio
Reisewitz | Carlito Carvalhosa | Carlos Bevilacqua | Carlos
Fajardo | Carlos Motta | Dalton Paula | Daniel Senise
| David Batchelor | Edgard de Souza | Elizabeth Jobim | Emmanuel
Nassar | Enrique Ramirez | Ernesto Neto | Fabio Miguez
| Felipe Cohen | Gustavo Speridião | Iole de Freitas | Ivan
Grilo | Jac Leirner | Jarbas Lopes | Jorge Mayet | José
Bechara | José Rufino | Juan Fontanive | Laura Lima | Laura
Vinci | Leda Catunda | Lenora de Barros| Lotty Rosenfeld
| Marcelo Solá | Marcius Galan | Marcos Chaves | Maria-Carmen
Perlingeiro | Marina Saleme | Nazareth Pacheco | Otavio Schipper
| Paulo Bruscky | Paulo Monteiro | Paulo Pasta | Raul
Mourão | Regina Silveira | Rodrigo Andrade | Romain Dumesnil
| Sérgio Sister | Sérvulo Esmeraldo | Shirley Paes Leme
| Tatiana Blass | Tomie Ohtake | Tulio Pinto | Vik Muniz
| Waltercio Caldas.
*Fotos
ilustração release: Abraham Palatnik, Waltercio Caldas e Adriana Varejão.
**
Abaixo texto completo da curadora Ligia Canongia
SERVIÇO:
5 ANOS DE CARBONO
Abertura: 26 de março, segunda,
das 19h às 22h
Visitação: 27 de março, terça-feira a 19 de
maio, sábado
Carbono Galeria
Rua Joaquim Antunes, 59 | Jd
Paulistano | SP
Horários: segunda à sexta, das
10h às 19h
Sábado, das 11h às 15h
Assessoria de Imprensa: Solange Viana | t. (11) 4777.0234 | solange.viana@uol.com.br | HTTP://solangeviana.blogspot.com | @solangeviana
“Carbono Galeria: Maturidade aos 5 anos”.
Ligia Canongia
A fotografia revolucionou o mundo da arte, criou um
novo paradigma para o conceito de imagem e implicou, definitivamente, a
imbricação da arte com a tecnologia. Mais ainda, engendrou, de forma complexa e
problemática, a relação entre arte e indústria, e entre arte e mercadoria.
A questão da obra múltipla, ampliada com a invenção
da foto e do cinema, nos primórdios do século XIX, tornou-se um fenômeno
moderno e contemporâneo de larga escala, incitando proposições teóricas mundo
afora e ao longo do tempo. A mais influente delas, escrita pelo pensador alemão
Walter Benjamin, em 1936, e tida como a primeira teoria materialista da arte1,
tinha como eixo a perda da “aura” da obra de arte única, a partir do advento
das técnicas mecânicas reprodutíveis. Seus estudos avançaram a questão da
massificação da imagem, sua banalização nas sociedades e, a reboque, a perda de
seu aspecto ritualístico e seu fetiche. Por outro lado, anunciava um novo
espírito, associado ao funcionalismo, sinalizando a potência libertadora da
máquina sobre a arte, em relação aos elos que ainda a ligavam ao Belo
tradicional e à estética contemplativa. A ideia de que a arte poderia estar
inserida no cotidiano da vida dos homens, com apoio da indústria e em conluio
direto com o desenvolvimento tecnológico superava, em termos históricos, o
problema de uma passível perda da identidade dos objetos e de sua fruição
aurática. Benjamin acreditava que a reprodutibilidade da imagem, através dos
processos mecânicos, acabaria por multiplicar e difundir o trabalho de arte a
ponto de sua consagração, vinculada ao mito do original, ser irrecuperavelmente
afetada.
O ápice dessa questão surgiria, porém, trinta anos
depois do ensaio benjaminiano, com a Pop Art, que explorou ao extremo o caráter
da repetição serial, reduzindo o objeto de arte a uma forma estandardizada. A
Pop colou a produção artística à ideologia da reprodução, fazendo com que a
arte sucumbisse à determinação da mercadoria. Não sem motivos, críticos como
Giulio Carlo Argan consideraram o movimento norte-americano como o ponto
terminal do ciclo histórico da arte. Paradoxalmente, porém, e apesar de sua
aparente imparcialidade, a Pop criticava o destino patético dos indivíduos
regidos pela máquina e pelas sociedades de massa, apontando para a
neutralização do sujeito contemporâneo. Roland Barthes diz, inclusive, que os
artistas pop realizavam, por baixo dos panos, uma crítica oblíqua ao consumo
massivo, á alienação da coisa anônima e aos estereótipos. Para ele, a
neutralidade pop traía um significado mais profundo, além de sua inocente
superfície e, assim, salvaguardava a metáfora, raiz de toda poesia. E não se
pode esquecer que Duchamp, pioneiramente, já antevira a preponderância das
imposições mercadológicas, provocando a burguesia e as massas com o estatuto do
readymade, um objeto ambíguo por
excelência, por aderir e ironizar, ao mesmo tempo, o poder da máquina e a
vulgarização dos objetos na modernidade.
Fato é que, passados os estudos de Benjamin, as
provocações de Marcel Duchamp e o distanciamento da Pop, decorreram-se oito
décadas de debate constante sobre a identidade, a persistência e o valor da
obra múltipla, sem que, em momento algum, o original tivesse perdido a eficácia
de sua aura. Ao invés, e muito possivelmente, foram os múltiplos que adquiriram
uma discreta evidência aurática, contrariando as expectativas do filósofo
alemão, e sustentando um discurso denso e autônomo. Mais do que um processo de
dessacralização da arte e um abalo na autoridade do “original”, a grande
questão do múltiplo continua sendo de caráter político, ao tentar alargar a
circulação do objeto artístico, ampliar sua penetração no tecido público, e acionar
o processo irreversível de democratização da arte.
Joseph Beuys, artista cuja importância na
contemporaneidade é indiscutível, foi um grande fomentador da produção de
múltiplos, tendo realizado, ele mesmo, dezenas deles. Nada mais pertinente para
quem acreditava que a função da arte era “esculpir” a sociedade. Um ser
político por natureza, poética e literalmente, Beuys disse:
“Interesso-me
pela distribuição de veículos físicos sob a forma de edições, porque tenho
interesse na disseminação das ideias” 2.
O múltiplo, portanto, não elimina a experiência
espiritual da obra única, mas não possui substrato poético menor do que o dito
“original”, e ainda guarda a prerrogativa de dar acesso aos trabalhos
artísticos a um leque maior de camadas sociais.
Nos últimos cinco anos, a
Galeria Carbono, com o empenho e o entusiasmo de Ana Serra e Renata Castro e
Silva, sedimentou-se na cidade de São Paulo como um empreendimento devotado a
edições, defendendo a obra múltipla como uma prática independente, regida por
suas próprias especificidades e livre do servilismo ao gosto dominante e ao
mercado. Atuando para dar ao múltiplo a dignidade e o valor merecidos, e já
legitimados historicamente, a galeria se impôs pela seriedade no lidar com as
linguagens contemporâneas, pelo tratamento dado aos artistas e aos curadores e,
sobretudo, pela forma como respeita e contribui para a “disseminação das
ideias”. A Carbono tem a consciência de que a obra de arte múltipla é tema
explorado na iconografia e no pensamento universal desde a Revolução
Industrial, e que jamais poderia se equipar a uma mera mercadoria. Dedicando ao
múltiplo a mesma reverência do sistema exclusivista da obra única, assume a
multiplicidade como mais um desafio para o criador e suas inquietudes
conceituais. A galeria celebra, portanto, cinco anos de êxito e de resistência
às posturas conservadoras, que insistem em ver a criação do múltiplo com visão
anacrônica e olhos castrados.
Os números não mentem.
Nesses cinco anos, a Galeria Carbono promoveu duzentas edições exclusivas, de
cento e cinquenta artistas brasileiros, além de ter realizado vinte exposições,
e de ter estabelecido intercâmbio com diversas casas de edições internacionais.
Renomados artistas e curadores do Brasil e do mundo participaram de suas mostras,
numa adesão que traduzia o reconhecimento consciente de seus valores. Desde o
início, ficaram claros os padrões profissionais e a seriedade da galeria, a
ponto de se poder mesmo dizer que ela, praticamente, já nasceu madura. E aqui
não se trata de precocidade, mas, sim, de respeito e compromisso permanente com
os processos, veículos e conceitos contemporâneos.
1- Benjamin, Walter - in “A obra de arte na época de sua reprodutibilidade técnica”, Teoria
da Cultura de Massa, Saga, Rio de Janeiro, s/d.
2-
Beuys, Joseph – citado por Hilary Lane e Andrew
Patrizio, in catálogo da exposição “Art
Unlimited: Multiples from the 1960s and 1990s”, Arts Council Collection,
Londres, 1994.
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