Alex Katz em seleção inédita na Luciana Brito Galeria
Um dos maiores nomes da pintura
norte-americana, artista
apresenta obras recentes na Luciana Brito
Galeria e na sp-arte, pouco antes da inauguração de sala dedicada e ele na Tate
Modern
Apesar de numerosas retrospectivas e exposições
solo em instituições como Whitney Museu, Tokyo Seibu Museum of Art, London
Institute of Contemporary Arts, MoMA PS1, Albertina Museum e Tate, e de ser
tema de um dos mais aclamados ensaios do crítico Hans Belting, Alex Katz até
hoje só realizou uma mostra individual no Brasil, em 2010, na Luciana Brito
Galeria. A dupla de mostras que a galeria preparou para 2014, que acontece
primeiro com três pinturas de grandes dimensões na sp-arte e depois com 11
trabalhos inéditos na galeria, será uma oportunidade para conhecer melhor uma
produção central na história da arte moderna e contemporânea. O artista, aliás,
terá uma sala exclusivamente dedicada a sua obra inaugurada na londrina Tate
Modern em 28 de maio.
Mesmo para o público que teve a oportunidade de
ver uma de suas retrospectivas, como a que o Whitney Museum organizou anos atrás,
as exposições que a Luciana Brito Galeria organiza agora têm algo de importante
a acrescentar. Isso porque, além do fato de o artista norte-americano ser pouco
estudado no Brasil, essa é a primeira vez que sua série de couples (duplas, ou casais) é exibida mundialmente.
Alex Katz já havia anteriormente trabalhado a
figura humana sobre fundo negro, mas, desta vez, suas opções cromáticas,
somadas à presença insistente de duas pessoas, parece aprofundar um dos
aspectos mais ricos de seu trabalho: a distância entre os seres. Se os tons
escuros ressaltam um certo caráter de abismo que caracteriza essas distâncias,
a presença de duas figuras humanas reitera que eventualmente estão
representadas ali duas solidões compartilhadas.
Essa série – representada na Luciana Brito
Galeria por três grandes pinturas e oito estudos – é um bom exemplo para se
compreender aquilo que o artista, em entrevista ao curador e teórico Roberto
Storr, comparou com a ideia do “pintor da vida moderna” forjada por Baudelaire,
noção que o poeta concebeu para comentar o modo como Constantin Guys captava
aspecto definidores da vida moderna. No caso de Alex Katz, pode-se dizer que –
debaixo da beleza instantaneamente apreensível, do deleite visual de suas
obras, do forte e depurado estilo – somos confrontados com o lado performativo
da presença humana, tão exacerbado hoje em dia.
Há, na obra de Alex Katz, uma grande
complexidade enunciada com extrema economia. O artista atinge esse nível de
compreensão daquilo que pinta porque, como ele próprio definiu, procura
retratar e não descrever. Alex Katz declaradamente dá grande importância à
técnica e ao estilo, e esse tipo de rigor, somado ao modo como seus trabalhos
em geral retratam pessoas elegantes e cenários que transmitem sensação imediata
de conforto, pode enganar um observador apressado.
Por exemplo, nos três trabalhos que compõem a
mostra do artista na sp-arte, há um cuidado na compreensão da luz que propõe
uma reflexão que vai muito além do tema retratado – em termos meramente
descritivos, as obras são três grandes pinturas de temas litorâneos ou solares,
mas o que elas têm a dizer sobre nossa experiência no mundo e o potencial
poético da pintura poderia encher compêndios.
Se estiver atento em meio às “ciladas” que uma
arte tão depurada oferece, o público poderia reescrever o modo como o professor
e crítico Donald Kuspit descreveu o trabalho de Alex Katz: fresco como o amanhã
(“fresh as tomorrow”). O comentário
foi feito sobre sua produção dos anos 60. Ao perceber o rigor e elegância com
que ele se mantém abordando tanto a condição humana quanto questões formais e
sensoriais, pode-se pensar em seu trabalho como ‘enigmático como o instante’.
Sobre o artista
Nascido no Brooklin, Nova York, em 1927, Alex
Katz era filho de um comerciante e uma atriz com forte interesse por poesia,
ambos de origem russa. Em 1946, ingressou na Cooper Union Art School, em
Manhattan, onde foi orientado por Morris Kantor. Sua primeira exposiçãoo
individual acontece em 1954, na Roko Gallery, e o convívio subsequente com
pintores como Larry Rivers, Fairfield Porter, o fotografo Rudolpf Burckhardt, e
os poetas John Ashbery, Edwin Denby , Frank O’Hara e James Schuyler teria
impacto em sua formação. No início da década de 60, influenciado pelo cinema,
televisão e publicidade, passa a pintar em larga escala, interesse que ele
funde a sua dedicação ao retrato. Aliás, o modo como ele utiliza os planos de
fundo monocromáticos de certa forma antecipa um dos aspectos centrais da pop art. Com mais de 200 exposições
individuais e quase 500 mostras coletivas em sua carreira, Alex Katz tem
trabalhos em mais de 100 coleções, como as do Albright-Knox Museum, Buffalo;
The Art Institute of Chicago; The Brooklyn Museum; Carnegie Museum of Art,
Pittsburgh; The Metropolitan Museum of Art, New York; The Museum of Modern Art,
New York; The National Gallery of Art, Washington, D.C.; The Whitney Museum of
American Art, New York; Berardo Collection (Portugal); the Essl Collection
(Austria); Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofia (Espanha); Saatchi
Collection (Inglaterra); Tate Gallery (Inglaterra).
s e r v i ç o
Alex Katz
sp-arte / 2014 :: 3 a 6 de abril
Pavilhão da Bienal ::: Parque do Ibirapuera,
Portão 3
quinta a sábado, das 13 às 21h ::: domingo, das
11 às 19h
R$ 40,00 [inteira] ::: R$ 20,00 [meia entrada]
Obras
apresentadas:
Untitled Nudes (2013), óleo sobre linho. 222.5 x 378.5 cm
People (2012), óleo sobre linho. 239 x 180.5 cm
Kristen (2011), óleo sobre linho. 167.5 x 122 cm
Luciana Brito Galeria :: 8 de abril a 31 de maio
R. Gomes de Carvalho 842 ::: São
Paulo Brasil ::: CEP 04547-003
(55 11) 3842 0634 ::: terça a
sábado, das 10 às 19h ::: entrada gratuita
info@lucianabritogaleria.com.br
Obras
apresentadas:
Elizabeth (2014), óleo sobre linho. 213.5 x 152.5 cm
Jamie and Anna (2014), óleo sobre linho. 122 x 274.5 cm
Thor and Elizabeth (2014), óleo sobre linho. 122 x 274.5 cm
Elizabeth (2014), óleo sobre papel. 40,6 x 30,5 cm
Jamie (2014), óleo sobre papel. 40,6 x 30,5 cm
Anna (2014), óleo sobre papel. 40,6 x 30,5 cm
Thor (2014), óleo sobre papel. 40,6 x 30,5 cm
Assessoria de Imprensa: Solange Viana
solange.viana@uol.com.br | t. 4777.0234
Nenhum comentário:
Postar um comentário